Campolide: moradores revoltados com desabamento
Um monte de tijolos e tábuas velhas é o que resta da casa que esta quinta-feira ruiu em Campolide, feriu um homem gravemente, deixou uma família desalojada e motivou expressões de revolta contra a Protecção Civil entre alguns moradores, noticia a Lusa.
A habitação ruiu por volta das 15:00 horas, depois da empena do armazém contíguo ter caído em cima do telhado, segundo informação do comandante do Regimento Sapadores de Bombeiros. Na altura, o casal estava no pátio e a filha de oito anos no interior da habitação. Na tentativa de salvar a filha, o homem de 50 anos acabou debaixo dos escombros, explicou uma familiar à Agência Lusa.A mesma familiar adiantou que o homem foi levado para o Hospital de São José onde se encontra em coma, com um pulmão perfurado, tendo perdido três dedos de um pé.Entre alguns moradores, a revolta era contra a Protecção Civil, que acusam de ter chegado tarde demais.«A Protecção Civil veio cá há um mês e não fez nada. Foi preciso cair a casa em cima de uma pessoa para virem cá. É lamentável porque a Protecção Civil é paga por todos nós e não fazem nada. Os criminosos são eles», dizia, indignado, Manuel Brites, 48 anos.César Mestre, 29 ano, criticou, por outro lado, que os moradores do Bairro da Travessa do Tarujo estejam esquecidos.«Somos descartáveis. Não vêm aqui tratar de nada. É como se não vivesse aqui ninguém», queixou-se à Agência Lusa.Já a irmã do homem que ficou gravemente ferido na sequência da derrocada da habitação, adiantou que há cerca de um mês foi feita uma vistoria à casa pela Protecção Civil para a família poder pedir à Câmara Municipal de Lisboa o direito a uma habitação social.«A 1 de Agosto foi a última vez que vieram cá, a Câmara disse ao meu irmão para arranjar a casa, mas ele não tem dinheiro», explicou Maria José Simões.Protecção Civil nega responsabilidadeA directora do serviço municipal de Protecção Civil negou qualquer responsabilidade da entidade na derrocada de uma casa em Campolide, argumentando com impedimentos legais ao derrube do armazém contíguo e a ausência de riscos da habitação.Contactada, a directora do serviço municipal de Protecção Civil explicou à Agência Lusa que «o que ameaçava ruir era o armazém», mas que houve «várias tentativas» para retirar a família daquela casa. «Foi feita uma vistoria por parte dos serviços que tinham competência nessa área e houve várias tentativas por parte da Protecção Civil para as pessoas abandonarem a habitação, pelo menos até ser reposta alguma segurança», adiantou Emília Costela.Garantiu, por outro lado, que «a família vai ter um local onde ficar» e «vai ser dado todo o apoio necessário».O vice-presidente da Junta de Freguesia de Campolide, presente no local, disse à Agência Lusa que a Junta «está disponível para qualquer necessidade» e explicou o trabalho que agora vai ser feito.«Numa primeira fase vamos arranjar acomodação para mãe e filha. Depois, numa segundo fase, apoio para uma casa», adiantou Miguel Marques.O autarca sublinhou ainda que Campolide é uma das freguesias de Lisboa com mais habitação degradada e lembrou, a propósito, o programa BIP-ZIP (Bairro de Intervenção Prioritária - Zona de Intervenção Prioritária) que está a ser realizado, mas «que não vai ter resultados de um dia para o outro».No bairro, segundo alguns moradores, vivem entre 50 a cem pessoas.No local, estiveram duas viaturas e cinco elementos da Protecção Civil, dois homens e uma retroescavadora da Zona de Limpeza Urbana, três viaturas, 15 elementos e uma retroescavadora do Regimento de Sapadores Bombeiros, oito elementos da PSP e dois agentes da Polícia Municipal, para além de uma ambulância do INEM, uma Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) e quatro bombeiros.
Fonte TVI24
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