sábado, 12 de março de 2011

Japão vive angústia nuclear ao despertar do pesadelo de ontem


O risco de um acidente nuclear domina as atenções hoje no Norte do Japão, que ontem foi devastado pelo mais forte sismo de sempre no País e um tsunami de enormes proporções, com as notícias de acontecimentos anormais na central nuclear de Fukushima a sucederem-se.

As informações mais recentes das agências de notícias internacionais dizem que as paredes de um dos edifícios da central nuclear ruíram, deixando sair nuvens de fumo branco, e citam responsáveis que dizem recear uma fusão do reactor.
O problema está na inoperacionalidade dos sistemas de arrefecimento do reactor, porque esses sistemas foram danificados pelo sismo de grau 8,9 que ocorreu ontem ao princípio da tarde (hora local), acrescentam.
Uma notícia da agência Associated Press citada pelos jornais diz que não é ainda claro se o edifício afectado é o que alberga um dos reactores, sendo indicado apenas que a empresa que gere a central de Fukushima Daiichi admitiu que vários trabalhadores ficaram feridos no acidentes.
A notícia cita também um responsável do município de Fukushima que disse não ter ainda informação sobre o que aconteceu, escusando-se a confirmar que as paredes desmoronaram na sequência de uma explosão, como tem estado a ser avançado por outras fontes.
Imagens da televisão japonesa mostram que ficou apenas o “esqueleto” metálico do edifício, de onde saem nuvens de fumo.
As notícias descrevem principalmente uma luta para conseguir arrefecer os reactores e conseguir evitar que a água usada nessa função entre em ebulição, causando uma subida da pressão dentro dos edifícios, como aconteceu em 1979 em Three Mile Island, Harrisburg, que foi palco do pior acidente nuclear nos Estados Unidos.
Segundo algumas dessas informações, os técnicos da Fukushima Daiichi detectaram níveis de reacção oito vezes superiores ao normal no exterior da central e mil vezes superiores dentro da sala de controle da Unidade 1.
As autoridades japonesas têm transmitido mensagens de que estão a controlar os acontecimentos e um cientista da Universidade de Tóquio já veio apelar para as pessoas se manterem calmas, porque, segundo disse, apenas uma pequena porção de combustível nuclear se fundiu.
De acordo com estas declarações, foi apenas como medida de precaução que as autoridades japonesas ordenaram a evacuação de todos os residentes num raio de cerca de seis milhas (cerca de dez quilómetros) em volta da central Daiichi.
Na zona mais afectada pelo sismo de ontem localizam-se duas centrais nucleares operadas pela Tokyo Electric Power, conhecidas como Daiichi e Daini, ambas a cerca de dez milhas (cerca de 16 quilómetros) do município de Fukushima e a cerca de 240 quilómetros a Norte de Tóquio.
Fukushima foi um dos municípios mais afectados pelo sismo de ontem, seguido de um tsunami fortemente destruidor, que terão provocado mais de 1.300 mortos, na maior parte dos casos por afogamento, e causado enorme destruição (para ver o vídeo do avanço do tsunami na cidade de Sendai, publicado no canal YouTube da Associated Press, que já foi visualizado quase 3,4 milhões de vezes).
Imagens da televisão japonesa mostram centenas de carros e vários barcos arrastados pela força da água do mar, que pelo caminho foi destruindo inúmeros edifícios destruídos e deixado enormes áreas cobertas de destroços.
A imprensa internacional diz que hoje de manhã o trabalho das equipas de socorro centrou-se na busca de possíveis sobreviventes e refere que na cidade costeira de Sendai, a mais próxima do epicentro do sismo, foram encontrados 200 a 300 corpos junto à linha de água.
A informação faz referência também a três comboios desaparecidos, sem deixar de sublinhar que muitas vidas foram poupadas pelas rigorosas regras de construção no Japão, bem como pelos sistemas de protecção civil adoptados pelo País.

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