Mais de cinco mil mortos e cerca de nove mil desaparecidos é o balanço da catástrofe da passada sexta-feira, dia 12, no Japão, quando o maior sismo de sempre no País provocou grande destruição no Nordeste do País, agravada pelo tsunami que se seguiu, com ondas gigantescas, na ordem dos dez metros de altura.
A imprensa japonesa diz hoje que mais de cem mil casas ficaram total ou parcialmente destruídas, segundo os serviços de protecção civil, acrescentando que os socorristas têm alargado a novas áreas os trabalhos de procura de sobreviventes, recuperação de corpos e limpeza de destroços.
As notícias destacam que já de si penosos, esses trabalhos têm sido dificultados pela escassez de combustível, salientando que o Japão está com racionamento de energia, não só porque o sistema de destruição foi muito afectado, como porque a central nuclear de Fukushima está totalmente inoperacional e, segundo alguns cientistas, irrecuperável.
A escassez de combustíveis, dizem os jornais, está a dificultar o abastecimento de alimentos e água aos cerca de 380 mil sobreviventes que estão em abrigos, como a dificultar a utilização de equipamentos pesados para a remoção de destroços.
A actualização do balanço negro da catástrofe da passada sexta-feira indica que foram recuperados e identificados cerca dois mil corpos nas Prefeituras de Iwate, Miyagi e Fukushima.
Porém, acrescentam, há áreas onde os socorristas só agora presumem poder chegar, como a cidade costeira de Rikuzentakata, na Prefeitura de Iwate, depois de terem conseguido abrir estradas e depois que o aeroporto de Sendai, completamente inundado pelo tsunami, foi parcialmente reaberto, permitindo a sua utilização pela polícia e protecção civil para transporte de equipamentos e abastecimentos.
Os balanços que as autoridades locais das zonas mais afectadas vão fazendo são, no entanto, sempre mais gravosos, como é o caso da cidade de Ishinomaki, na Prefeitura de Miyagi, cujo respectivo presidente afirmou que há dez mil desaparecidos numa população de 160 mil.
A agravar a situação, referem as notícias, está o facto de a região Nordeste do Japão estar com temperaturas gélidas, que ontem atingiram 5,9 graus negativos em Morioka, Prefeitura de Iwate, 2,7 graus negativos em Sensai, Miyagi, e 3,5 graus negativos em Fukushima.
A imprensa japonesa destaca que apesar destas adversidades, alguns sinais emergem de que a recuperação avança, como a reabertura de escolas na cidade de Ofunato, na Prefeitura de Iwate.
A maior incerteza continua a ser, assim, o que se passa na central nuclear de Fukushima.
A imprensa japonesa diz hoje que helicópteros da Defesa Civil, “numa missão sem precedentes”, conseguiram despejar água sobre o reactor que estava a causar mais problemas.
O objectivo é evitar o sobreaquecimento que leva à emissão de materiais radioactivos para a atmosfera e ganhar tempo para as autoridades conseguirem repor o abastecimento eléctrico à central, com o qual terão outros meios para repor o funcionamento dos sistemas de arrefecimento.
Enquanto a luta em Fukushima vai tendo avanços e recuos, no Japão e a nível mundial cresce a angústia quanto às consequências da sucessão explosões e incêndios na central nuclear, levando ao que a imprensa japonesa classifica como um êxodo dos estrangeiros.
As notícias dizem que dois helicópteros conseguiram, cada um deles, fazer quatro despejos hoje de manhã de 7,5 mil litros de água sobre o reactor 3 de Fukushima, numa acção que um porta-voz do Ministério da Defesa explicou ter sido tomada porque havia a percepção de que “hoje era o limite”.
O porta-voz governamental disse que as informações já disponíveis indicam que a água terá conseguido chegar aos reactores, mas a empresa que gere a central, a Tokyo Electric Power, disse não ter registado qualquer alteração nos níveis de radiação nas instalações.
A próxima acção, de acordo com as mesmas notícias, é utilizar um canhão de água da polícia e 11 dos bombeiros para inundar os reactores a partir de terra.
Mas para vitórias mais decisivas é essencial a reposição da energia eléctrica, dizem as autoridades que avançaram a expectativa de esses trabalhos poderão avanços significativos hoje.
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